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Temos escritores...

Aos alunos do Secundário, durante a prova de expressão escrita do Concurso Nacional de Leitura, foi relembrado que na obra Carta de uma desconhecida de Stefan Zweig, o romancista R. recebeu, entre a habitual correspondência, uma misteriosa carta. Escrita à pressa, com letra de mulher, duas dúzias de páginas de uma confissão que começava assim: «Para ti que nunca me conheceste». Então, solicitou-se que redigissem essa carta num contexto diferente, ou seja, supondo que a mulher ainda seria a jovem rapariga que decidiu regressar a Viena após alguns anos afastada da sua grande paixão.

O Afonso Figueira Sousa do 11ºD contemplou-nos com a carta apresentada de seguida...

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Para ti que nunca me conheceste.

Cada minuto que passa aproxima-me de ti. O tempo corre vagarosamente aqui em Insbruck, nesta fúnebre cidade escura onde me vieram sepultar, tão longe de ti.

Consegui um emprego numa fábrica, onde o meu corpo passou os dias, semanas, meses… dois anos… A minha mente, contudo, repousava no teu rosto, nas tuas feições, no teu sorriso…

Cumpro, obedientemente, aquilo que me pedem, todos são cordiais comigo e aqui nunca me senti maltratada. No entanto, a minha única felicidade para chegar a casa, atravessar o mais rapidamente estas ruas escuras, os rostos amargurados de quem está preso à rotina, o frio gélido que me enrijece o corpo, pois assim que chegava a casa, tinha todo o tempo do mundo para te reinventar na minha mente.

Sim, tu! Aquele que me comprou o coração com um sorriso, aquele por quem nutro todo o amor que tenho, aquele que, sem aviso prévio, me cativou o corpo e a alma.

Todo o meu sofrimento provém de ti, mas esse, eu consegui evitar com esta rotina monótona, que me distraía. Infelizmente, a paixão é impiedosa e faz-me sofrer, sorrir e chorar sempre que nada mais me resta a não ser a tua imagem.

Somente o tempo acabará com esta angústia e, assim como nos afastou, reunir-nos-á novamente.

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